Não tem jeito. O Google cresce e valoriza suas ações enquanto o Yahoo! demite e perde valor nas suas ações.
Há muito penso sobre o que realmente faz com que uma empresa na web cresça ou suma do mapa. Na Internet, pela primeira vez temos o poder do "voto" - explico - até então, na velha economia o cidadão só tinha o poder de voto nas empresas de duas maneiras: não comprando suas ações ou não comprando seus produtos. Porém, isso era algo que se sustentava por meio do investimento em marketing que essas empresas faziam. Em um mercado regional, o investimento emmarketing era alto, mas era viável. Em mercado globais, poucas empresas conseguem de fato fazer um investimento que se compense por suas vendas.
Na Internet, o mercado é mais que global - ele não está nas ruas ou nos outdoors - ele não lida com "targets", ele lida com pessoas, uma a uma. Essa tamanha abrangência que leva a praça da TV, revista, jornal e rádio para dentro da mente das pessoas no aconchego do seu notebook, dificulta a divulgação e a torna extremamente dispendiosa. Imagine sua empresa fazer uma propaganda dentro da casa de cada um de seus consumidores-alvo.
Nesse cenário, a melhor divulgação é aquela que é feita de maneira inversa, ao invés de a empresa encontrar consumidores, um a um, é o consumidor que vai atrás da empresa. Sempre digo - a melhor maneira de encontrar o seu consumidor é ser encontrado por ele.
Nesse ponto reafirmo o que falei no início deste post - finalmente temos o verdadeiro poder do voto. As empresas que se sobresaem hoje em dia não são as que investem milhões em propaganda, mas sim aquelas que de alguma forma são simpaticas aos olhos de cada consumidor e são procuradas por ele.
Apesar do Google já estar atraindo alguma antipatia pelo simples fato de estar caminhando para um monopólio (com 75% do mercado de links patrocinados mundial contra 9% do Yahoo e, no Brasil e outros países do mundo, quase a totalidade das buscas), ele ainda é uma empresa simpática que soube manter seu ar de empresa guirrilheira e pequena. Sua interface simples, suas brincadeiras com os usuários, seus ar de empresa de garagem faz com que acreditemos que ele é menor do que realmente é. Isso o torna mais simático aos olhos de todos nós.
Sem falar, é claro da qualidade de seu serviço de buscas.
O consumidor, com o verdadeiro poder do voto através da web, escolhe o serviço de buscas do Google, que lhe é mais aprazível e simples, do que o serviço do Yahoo!, que lhe é muito mais complexo e com ar de empresa grande. Pronto - a partir do momento que milhões fazem essas escolhas pessoais, mas seguindo uma lógica humana que apóia os de aparência mais ingênua (vocês lembram quem ganhou o Big Brother 1?), o Google passa a dominar o mercado.
O Yahoo! cresceu demais e quase que transmite uma imagem de velha economia no Brasil. Não é descolado, não é "in", não é 2.0. Não tem aquele ar de blog mal feito mas com muito conteúdo.
Vivemos cada vez mais na era do conteúdo. Valorizamos cada vez mais o que se tem a dizer e não como dizer. O Bernardinho é um péssimo palestrante, mas ganha rios de dinheiro com o que tem a dizer. Preferimos baixar um mp3 na Internet do que comprar o contexto - uma bela capa de cd.
Em uma era de conteúdo, quanto mais simples a forma e melhor o conteúdo, mais uma empresa consegue convencer o mercado de que está ligada nas tendências do mercado.
O Yahoo! vai demitir 1.000 funcionários e está preocupado com o rumo que suas ações estão tomando (desvalorizaram 10%). É bom se preocupar mesmo.
Na minha opinião, o melhor que o Yahoo faz é comprar empresas sintonizadas aos montes, investir na mudança de paradigma em buscas (como busca semântica e busca em celulares) e criar marcas locais com menos aparência de grandeza.