terça-feira, fevereiro 12, 2008

Campus Party


3.000 vagas esgotadas.
O Brasil mostra que gosta mesmo de Internet no Campus Party - o maior e-ncontro de internautas do mundo acontece no Ibirapuera e teve até o Gilberto Gil e Kassab na abertura.
Vivo dizendo que o Brasil tem tudo para dominar o século digital que se apresenta, só temos que ser mais e-mpreendedores. Somos um povo criativo e adepto a novidades de todos os tipos. Podemos criar Googles e Amazons aos montes. Já criamos Buscapés, basta agora transformamos nosso apego à rede em negócio.
Mais notícias sobre o evento aqui.

domingo, fevereiro 10, 2008

1984

Os visionários são homens que modificam a direção tomada pela humanidade e mostram um novo caminho. Quando esses viosionários tem o poder do marketing em sua retaguarda, isso se torna bem mais fácil.

Alguns morrem - Sócrates foi um deles.
Alguns obtém sucesso e fama - Steve Jobs foi um deles, Jay Chiat foi outro.

O que resulta do trabalho conjunto de dois visionários sempre é uma disrupção - algo que muda todos os padrões vigentes.

Vamos relembrar um desses momentos em que a humanidade toma outro rumo em determinado segmento.
O comercial da Apple lançado no Superbowl em 24 de janeiro de 1984, intitulado "1984".




Discurso feito pelo imperador “Big Brother” no filme publicitário “1984”:
“My friends, each of you is a single cell in the great body of the State. And today, that great body has purged itself of parasites. We have triumphed over the unprincipled dissemination of facts. The thugs and wreckers have been cast out. And the poisonous weeds of disinformation have been consigned to the dustbin of history. Let each and every cell rejoice! For today we celebrate the first, glorious anniversary of the Information Purification Directive! We have created, for the first time in all history, a garden of pure ideology, where each worker may bloom secure from the pests of contradictory and confusing truths. Our Unification of Thought is a more powerful weapon than any fleet or army on Earth! We are one people. With one will. One resolve. One cause. Our enemies shall talk themselves to death. And we will bury them with their own confusion! We shall prevail!”.

Tradução para o português:
“Meus amigos, cada um de vocês é uma simples célula na importante organização do Estado. E hoje, esse corpo expurgou a si próprio dos parasitas. Nós triunfaremos acima da imoral disseminação dos fatos. Os inimigos e seus destroços foram atirados para fora e a venenosa erva daninha da desinformação tem sido relegada à lata de lixo da história. Deixemos que cada célula se regozije! Hoje celebramos o primeiro e glorioso aniversário da informação diretiva da purificação! Nós criamos pela primeira vez em toda a história, um jardim de pura ideologia, onde cada trabalhador deve florescer seguro das pestes de verdades confusas e contraditórias. Nossa unificação de pensamento é a mais poderosa arma que qualquer frota ou exército da terra! Nós somos uma pessoa com uma vontade, uma solução, uma causa. Nossos inimigos os irão próprios para a morte e nós os sepultaremos com suas próprias confusões! Nós triunfaremos!”

Frente a IBM, o Big Brother da época, que estava em todos os lugares com seu sistema homogenizador, o anúncio caiu como uma padra, muito pesada, nos sapatos lustrados dos executivos da Big Blue.

A Jobs e a Chiat deve-se o mérito de ter interpretado os anseios de uma época em que as pessoas queriam liberdade e queriam participar de um novo mundo de tecnologia que se abrilhantava perante seus olhos, mas que lhes era negado.

Do mesmo modo que a Internet chegou em um momento em que a massa ansiava por comunicação, interatividade e participação, que o iPod chegou em uma época em que a massa ansiava por mobilidade e entretenimento, que outros poucos produtos souberam interpretar o mundo da época - a Apple soube enxergar tais anseios e transformar isso em dinheiro e venda Macs.

Um brinde aos visionários - a eles que nos mostram o caminho.

Yahoo! rejeita oferta milionária da Microsoft


Para o negócio de Search Marketing - que paga minhas contas atualmente - não haver fusão entre Yahoo e Microsoft é bom, uma vez que continuamos com uma hegemonia do Google nesse campo.

Para o Google, a não concretização desse negócio, é otimo.

Para o Yahoo!, será bom se ele sair da situação em que se encontra.

Para a Microsoft, é péssimo, e não ter conseguido (por enquanto) adquirir o Yahoo! pode colocar em sérias dúvidas o seu futuro. Isso certamente refetirá nas suas ações na bolsa de valores.

Os acionistas da Microsoft devem estar pensando: "E agora, Jose´?".
A Microsoft tem uma enorme dificuldade de ser inovadora como o Google atualmente é. Seus engenheiros estão acostumados a um sistema diferente de copiar ou comprar e depois aprimorar. Isso não é bem visto pelo mercado da Internet.
Em questão de salário, todos podem oferecer salários astronômicos, logo, para esses profissionais, o que vai contar é "o que eu vou falar quando me perguntarem onde trabalho?". Google tem respondido essa pergunta com muito mais freqüência do Microsoft. Conclusão: os profissionais mais inovadores estão indo para empresas como Apple e Google.
Tecnologia hoje é commodity, logo, para empresas que lidam diretamente com ela, o material humano é que conta. As pessoas fazem tais empresas. A Microsoft nesse campo está perdendo.
A Microsoft "levantou a bola" da compra do Yahoo! e talvez isso tenha sido vista pelo mercado como um ato desesperado de obter um know-how que ela não está conseguindo sozinha. Não existe nehuma outra grande empresa de Internet capaz de fazer frente ao Google, que só cresce.
Para a Microsoft, de fato, crescer nesse mercado novo, terá que se reinventar. Mudar tudo. Criar uma nova identidade no mercado, menos agressiva e menos antipática. O Darth Vader terá que se transformar no Lucky Skywalker, ou pelo menos no Han Solo.

Não se transforma uma empresa do dia para a noite. Uma imagem que vem se consolidando há 30 anos na mente do usuário não é tão fácil de se desfazer. Em um mercado em que é o usuário que efetivamente "vota" em seus preferidos por meio do seu browser, não é tão fácil se erigir ao poder se não for bem visto.
Mais uma vez se vê que as pessoas é que mandam nesse mercado. Se eu e mais trezentos milhões de usuários espalhados pelo mundo resolve, de uma hora para a outra, começar a fazer as buscas no MSN.com, a Microsoft vira esse jogo de um dia para o outro. O fato é que isso não acontece porque ela não é simpática para esses usuários. O Google faz questão de manter essa imagem simpática, colorida, quase ingênua.
Aliás, a aparência de ingenuidade e fraqueza é uma arma persuasiva fortíssima. As mulheres que o digam. A Microsoft é o império. O Google, a resistência - voltando às infames comparações com "Guerra nas Estrelas".

Prevejo um futuro bem atribulado para a Microsoft. É melhor ela começar a distribuir seus programas gratuitamente e ganhar dinheiro em cima de publicidade. Não seria ótimo se ela começasse a distribuir o Office e o Windows gratuitamente? Já que todo mundo usa ele mesmo, ela poderia vincular a distribuição gratuita a propagandas para o usuário. Quem não quisesse propagandas, pagaria por isso.

Bom...quem sou eu para aconselhar a Microsoft. Sou apenas um consumidor - que usa o Google.

Acho que Bill Gates se aposentou na hora certa.

sábado, fevereiro 09, 2008

Do Jazz




É engraçado, mas poucos que me conhecem sabem que sou afccionado por jazz. Sou capaz de escutar por hora a fio suas linhas melódicas e, recentemente descobri que escutar jazz enquanto estou trabalhando aumenta meu rendimento em pelo menos 200%. Principalmente Bebop.

Engraçado, não é?

As improvisões sobre o tema, comuns no jazz, levam muito - inclusive a mim - ao delírio. A música leva-nos a um estado alterado de consciência em que naquele breve momento do acorde o mundo sucumbe à melodia. Um momento mágico.
De vez em quando vou deixar uns posts de artes em geral, que por sinal, gosto muito. Pintura - com destaque para a arte impressionista e barroca - dança - com destaque para flamenco e tango - escultura e muita música.

Música é uma locomotiva para mim. Cada acorde é um movimento do pistão que não apita mas assovia canções. Com relação ao jazz, talvez goste tanto dele porque sua natureza remete a um assunto que volto sempre nesse blog - o caos e a ordem. A entropia da mente, da criação e do universo gerando uma explosão criativa inexplicável.

Não dá para começar a falar de jazz sem falar de Miles Davis. Esse, que sem dúvida alguma, é um dos maiores expoentes desse estilo, foi magistral ao seu trompete calmo, com personalidade e extremamente melódico. Ele influenciou todas as gerações de músicos (de jazz e de vários outros estilos) que vieram depois dele.

Para quem está começando a ouvir jazz (Nada de Kenny G., pelo amor de Deus), escutar Miles pode ser uma dádiva. Aconselho começar com o que foi uma de suas principais obras e que é um dos álbuns mais famosos do mundo - Kind of Blue.

Entre 1955 e 1957, Miles Davis imortalizou o que se chamou de Miles Davis Quintet. Em 1959, Miles volta a reunir alguns elementos do quinteto e grava Kind of Blue.
Participam do disco:
Miles Davis - Trompete;
Julian "Cannonball" Adderley - Sax Alto
John Coltrane - Sax Tenor
Wynton Kelly - Piano (Faixa 2)
Bill Evans - Piano
Paul Chambers - Contrabaixo
Jimmy Cobb - Bateria
É mais ou menos como reunir em um mesmo time o Pelé, o Maradona, O Zico, O Ronaldinho, o Garrincha, o Romário e o Ronaldinho Gaúcho. Como técnico: Bernardinho. Um time de primeira linha que não poderia resultar em nada menos do que um dos melhores discos de jazz de todos os tempos. (Você estranhou a palavra "disco" - lembre-se que estamos em 1959)
Abaixo, deixo um presente para vocês. Um vídeo da gravação de So What, primeira faixa do Kind of Blue. Vale à pena cada nota. Gravação de 1958 com Miles e Coltrane.


E-mpreendedorismo mudando um país




De acordo com o economista americano Joseph Schumpeter, o empreendedorismo é o que, de fato, move a economia de um país. Se ele estivesse vivo para ver a nova onda de empreendedores que surge em todo o mundo, ficaria orgulhoso de ver que suas observações, bem ou mal, foram seguidas. Empreendedores, seja por necessidade ou por oportunidade, surgem em todos os lugares – no Brasil, como sabemos, surgem mais do primeiro caso do que do segundo. Em outros países onde, por sinal, há muito menos oportunidades do que para nós brasileiros, o pensamento empreendedor está em toda parte.

Em 2007, jornais do mundo inteiro alardearam que um garoto prodígio na Índia, Suhas Gopinath, dirige uma das mais renomadas empresas de software. Diz-se “garoto prodígio” porque Suhas montou sua empresa com apenas 14 anos! Isso aconteceu na Índia – um país que até poucas décadas era uma das economias mais atrasadas do mundo, e hoje dá lições de crescimento.

Vivemos em um país cuja fama é a de ser um dos mais empreendedores do planeta, de acordo com a maior escola de empreendedorismo do mundo, a Babson College. Se somarmos isso ao fato de que somos o povo que mais navega na Internet e o mais adepto às inovações como nenhuma outra nação, podemos chegar facilmente a um “caldo” estimulante de empreendedores digitais despontando do Brasil para o mundo. Fato que prevejo estar muito próximo de acontecer. Já temos exemplos genuinamente nacionais: Buscapé, Boo-Box e Via6 são só alguns dos que povoam nossa Internet “brazuca”, que começa a mostrar sua cara.

No entanto, uma dificuldade a ser vencida para que o empreendedorismo digital desponte é o tamanho de nosso mercado consumidor. Apesar de a Internet no Brasil ainda ter um baixo índice de capilaridade, as iniciativas para combatermos a exclusão digital estão indo de “vento em popa”. Seja por esforços da iniciativa privada, seja por iniciativas do governo, em 2007 vendeu-se 23% mais computadores do que em 2006 - foram 10 milhões, sendo que 64% deles foram vendidos para pessoas que estão comprando o seu primeiro computador. Em suma, está se formando um enorme bolsão de usuários que vão começar a usar a Internet diariamente, seja ela discada ou não, e que em pouco tempo estarão comprando on-line.

De onde eles comprarão? De todos os lugares e todos os tipos de produtos e serviços que puderem ser oferecidos na rede. Desde serviços de carpintaria online (por que não?) até pura e simples informação, por exemplo, de como se alimentar melhor. Os sites que melhor souberem captar essa parcela de e-consumidores que se forma hoje serão os grandes vencedores desse novo “social capitalismo digital” de amanhã.

A Internet possibilita que qualquer um tenha sua empresa digital por um custo relativamente baixo - tanto de recursos humanos e manutenção quanto de logística ou marketing. Todas as funções básicas de uma empresa podem ser resolvidas com soluções muito simples e bem acessíveis. Basta conhecer as possibilidades que a rede oferece.

A mão-de-obra pode vir de qualquer lugar do país - o “teletrabalho” não é mais uma previsão, é uma realidade. A manutenção pode significar meros R$90,00 mensais para manter um site de comércio eletrônico. A logística fica por conta dos Correios com seu serviço de e-sedex. O marketing? Links patrocinados no Google em que o anunciante só paga valores a partir de R$0,02 quando há um clique em seu anúncio.

Difícil não é. Caro, também não. O que falta, então, ao brasileiro para ser um dos povos com maior índice de empreendedorismo digital, já que o somos nas empresas de tijolos e cimento? A resposta a essa pergunta é uma só: informação. Essa é, sem dúvida, uma das maiores barreiras a ser vencida. O povo não tem informações suficientes de como montar, de fato, uma empresa virtual. Fácil não quer dizer óbvio. O que o Sebrae faz pelos empreendedores de “bricks” deveria ser feito também pelos empreendedores dos “clicks”. A partir do momento em que esse enorme mercado consumidor digital se formar e que “e-mpreendedores” de todos os cantos do país começarem a surgir, com a mesma força com que surgem em diversos cantos do mundo, uma verdadeira mudança na arquitetura do emprego e da distribuição de renda no país se operará.

Eu acredito que a Internet será a grande responsável não só pela distribuição de informação, mas também por uma nova distribuição de renda. O fato de a distribuição de informação estar intimamente ligada à distribuição de renda faz todo o sentido do mundo; afinal, segundo Toffler, “vivemos em uma era privilegiada em que cada vez mais a riqueza é gerada pelo conhecimento, não mais pela indústria ou pela agricultura”. É a famosa "Terceira Onda". A Internet é a ferramenta do conhecimento e será ela que mudará os destinos de homens e mulheres empreendedores de todo o país rumo a uma nova sociedade igualitária. Schumpeter não estava errado, afinal, só não poderia ter imaginado em que bases isso se daria quase cem anos depois de formular suas teorias.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Uma vela para Dario




Um belo conto de Dalton Trevisan...

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.

Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.

Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.

A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria.


Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.

Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.

Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.

A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.

Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.


A Colaboração Caórdica


Há cerca de cinco mil anos o homem inventou a escrita e deu um tremendo salto na história da humanidade. Passou a guardar o conhecimento e incrementá-lo a cada novo nascimento em vez de ter que recriá-lo de geração em geração. Com a Internet, o homem está prestes a dar mais um desses saltos, passando a não só guardar o conhecimento, mas recriar sobre a criação do outro, somando seu conhecimento ao de seus pares em uma colaboração global e sem limites.

A partir do momento em que as pessoas passam a colaborar umas com as outras na criação e recriação da informação, a produtividade aumenta em níveis nunca observados. A colaboração suscita uma escala muito maior de inovações em todas as áreas, desde a área médica até automobilística. Se duas cabeças pensam melhor do que uma, imagine algumas centenas de milhões de cabeças pensando juntas.

De acordo com o escritor Dom Tapscott, no livro “Wikinomics”, é justamente a colaboração em massa que está fazendo com que empresas de todo mundo aproveitem o potencial da web para gerar inovações continuamente e, assim, tornarem-se cada vez mais competitivas. Nada disso seria possível sem a Internet.

Essa colaboração em massa também é citada no livro “O Mundo É Plano”, de Thomas Friedman, como uma das 10 forças que achataram o mundo.

A colaboração é a base de todo o sistema econômico que conhecemos e é parte intrínseca do próprio ser humano, afinal, como dizia Aristóteles, o homem é um animal social e político.

As empresas, porém, ainda têm um certo temor daquilo que não podem controlar – e, definitivamente, a colaboração é algo que ganha vida própria bem cedo, pois é orgânica e incontrolável. Tal receio vem do fato de não entenderem que a colaboração é uma ação “caórdica” e descentralizada, e por isso mesmo, genial e inovadora.

É o que acontece em uma roda de capoeira, em uma “jam session” de jazz ou em um “brainstorm” em que não há hierarquias, mas sim, um sistema auto-organizado. Algo como relembrarmos do princípio neoliberal de que o mercado se auto-regula – é o que acontece com a Internet e é exatamente por isso que ela reflete com tanta exatidão a própria sociedade em que vivemos. É o que Dee Hock chamou de caórdico no livro “O Nascimento da Era Caórdica”.

O memorável cantor e compositor Chico Science alertava “Que eu me organizando posso desorganizar. Que eu desorganizando posso me organizar” e estava certo. Na “caordem”, a organização nasce da desorganização e vice-versa.

Erige-se um universo em que pessoas, até então comuns, tornam-se os protagonistas de uma nova era digital-renascentista, em que a criatividade, até então suprimida por se tratar de um fenômeno entrópico e irrefreável, é cada vez mais valorizada e vista como pilar fundamental da competitividade. A colaboração, assim como a criatividade, nasce do caos da mente humana.

Assim como o caos que é a própria Internet, a mente humana cria a ordem a partir dele, assim como a Internet também o faz. Para muitos, pensar em meio ao caos pode parecer impossível para as atuais convenções ainda soberanas.

Não poderia ser diferente. O sistema descentralizado da Internet (criado para ser isso mesmo) se assemelha à mente humana, ao passo que neurônios e sites conversam entre si, criam a ordem a partir do caos e mostra-se muito mais complexo do que conseguimos compreender em uma primeira observação.

A era “caórdica” mostra a colaboração como um caminho natural para o qual as empresas devem seguir e não lutar contra. O desejo da massa não pode ser contido, e a massa quer participar, colaborar e alterar conforme suas necessidades específicas.

A colaboração “caórdica” pode ser a chave para que entremos em uma nova era e para que possamos completar esse salto na história da humanidade que, por enquanto, como um gato que fita o muro ao qual está prestes a pular, estamos apenas ensaiando.

domingo, fevereiro 03, 2008

Viral da Honda

Vocês já devem ter visto, mas vale a pena postar aqui de novo...

Não se fala de outra coisa...

O assunto nas rodinhas de tecnologia desse carnaval não é o desfile da Magueira e nem o bloco de carnaval em Salvador, mesmo porque muitos dos que mexem com tecnologia não gostam de carnaval. O assunto é a possível compra do Yahoo! pela Microsoft.

Li um recente artigo sobre isso que colocou alguma luz sobre o assunto.

A Microsoft, apesar de todo o seu poderio, está sentindo que o gato pode ainda não ter subido no telhado, mas está olhando fixamente para ele e está pronto para pular.

Com o mundo off-line se direcionando para o on-line, muito do que a Microsoft construiu ao longo dos últimos quase 30 anos pode ir por água abaixo da mesma maneira que o mimeógrafo, as páginas amarelas ou a máquina se escrever foi (Na verdade as páginas amarelas ainda não foram, mas, se tratando de listas impressas, o gato delas já subiu no telhado, faz tempo).

A Microsoft, e particularmente o Windows, sendo vista com um ar de "só uso porque dependo" pelos consumidores perde terreno para um concorrente que atua, e muito bem, por sinal, em uma área em que o WIndows não é realmente necessário - a Internet.

O Google é o destino de 65% das buscas no mundo enquanto o mecanismo de busca da gigante, 4%.

Seus US$60 bi de faturamento não a estão deixando muito tranqüila. Bill Gates, certa vez disse, estamos sempre a 18 meses da falência. Talvez a Microsoft esteja percebendo que a contagem regressiva já começou a uns 8 ou 10 meses e precisam correr para não deixar essa bomba explodir.

Alguns analistas dizem que a compra do Yahoo! pode dar um fôlego, tanto a Microsoft quanto ao Yahoo!, porém, a soma dos dois não dá um Google em termos de domínio de mercado. 75% de toda a propaganda online vão parar nas mãos dele.

Mas a Microsoft está pensando diferente.

Ao invés de brigar pelo Google pelo primeiro lugar, ao que parece ela está querendo mais é eliminar um segundo lugar do Yahoo! Parece mentira, mas a Microsoft está se contentando com um modesto segundo lugar.

Lógico, para chegar ao primeiro é preciso passar passar pelo segundo.

Já ouvi algo muito sensato outro dia: "Tudo bem que o Googleé o destino da maioria dos usuários em termos de busca, porém, para ele chegar até lá, terá que ao menos ligar o computador, e estará sob domínio da Microsft desde as primeiras luzes de seu monitor.

Não tenho dúvidas de que será uma boa briga, resta saber o que o Google vai fazer para revidar, provavelmente entrar no mercado de softwares a-la-Office.

A briga promete não só ser emocionante, como nos bons tempos de Microsoft versus Apple e isso, todos sabem.

Não vamos nos esquecer porém, de que, no final, nós é que iremos decidir o vencedor. Como em um Big Brother high tech, o cidadão comum é que vai decidir no voto, digo, no Browser, quem ganhará essa batalha.

Situação confortável essa, não?

sábado, fevereiro 02, 2008

Das Kapital Digital






Em "Das Kapital", também conhecido como "O Capital", conjunto de livros escritos a partir do fim do século XIX, Karl Marx pregava que o capitalismo tende a uma situação de monopólio, à medida em que os grandes conglomerados esmagam os pequenos produtores e compram ou aniquilam seus concorrentes como forma de frear a queda da margem de lucro frente à taxa de juros devido ao aumento da concorrência.

Marx observava um movimento que se iniciava no mundo em que os cidadãos, desprovidos dos meios de produção da época, passavam a dispor somente de sua própria força de trabalho para garantir-lhes sobrevivência. Tal força de trabalho acabava por se tornar uma mercadoria queera vendida para outros, que detinham as máquinas e os meios para produzir seus bens de consumo.

É claro que naquela época não existia a Internet e toda a sua força niveladora e democrática., porém, nem tudo mudou, afinal, Marx não falava somente de capitalismo ou de meios de produção - falava fundamentalmente das pessoas e seus comportamentos frente ao sistema econômico que vigorava, e ainda vigora, na época.

A Internet, segundo Thomas Friedman em seu clássico O Mundo É Plano, aparece como uma das forças niveladoras que achata o mundo dando-lhe um aspecto muito homogêneo e contínuo. Em Wikinomics, Don Tapscott mostra o poder que o consumidor comum detém ao influenciar governos e pesquisas científicas a partir de seu notebook ou desktop. A revista Time, recentemente, elegeu como cidadão do ano "You", o próprio cidadão comum. O Google permite que anunciantes dos mais diversos tamanhos, da oficina à montadora de automóveis, montem suas próprias campanhas de divulgação fazendo-os independente das agências ou dos veículos. Mas será tudo isso uma ilusão? uma Matrix que faz com que acreditemos ser livres, quando na realidade nos tornamos cada vez mais dependentes?

Goethe dizia que ninguém é mais escravo do que aquele que se considera livre sem o ser.

Hoje dependemos de energia, de celulares, de computadores e de várias outras invenções do homem para podermos exercer nossa cidadania em sua plenitude. O homem cria o que o escraviza. Até o ponto que criamos meios para nos comunicarmos e vivermos melhor em sociedade, não há nada de errado, a pergunta incômoda é "quem são os verdadeiros detentores desses meios?"

Utilizamos o YouTube para postarmos nossos vídeos e com isso nos tornamos, de novo, os donos dos meios de produção, à medida em que podemos comprar um câmera digital, um computador, uma linha discada ou banda larga e, a partir daí, baixar um programa de edição de vídeos na própria web. Detemos os meios para produzir, porém, o YouTube não é nosso - é do Google.

Nos comunicamos livremente com nossos amigos por meio do Messenger enviando fotos, sons, vídeos e o que mais quisermos compartilhar. Porém, o Messenger não é nosso - é da Microsoft.

Poderia perfilar centenas, milhares de exemplos em que temos várias formas de poder que convivem concomitante.

O poder de produzir passa para o cidadão comum, já que vivemos na "Toffleriana" era do conhecimento, mas essa não é mais a única resposta certa. O poder de geração de riqueza passou para as mãos de quem detém o conhecimento ou...para quem detám os veículos que permitem compartilhar esse conhecimento?

O próprio Vincent Cert, o "pai da Internet" e hoje membro da equipe de primeira linha do Google, diz que o poder está no compartilhamento de informações. Compartilhar informações é poder, mas deter os meios para tal ação também.

Temos dois polos de poder atualmente no mundo. O primeiro é o do cidadão comum, descentralizado, de gerar conhecimento. Muitas vezes um conhecimento sem direção e sem nenhum critério organizador, um conhecimento entrópico, não linear. Essa massa disforme de cidadãos alimenta a máquina com letras, fotos, vídeos e áudios sem parar a todo o momento.

O segundo polo de poder está em que detém o veículo para organizar, compartilhar, armazenar e proporcionar o acesso a tais informações, um poder concentrado nas maõs de poucos e organizado. As grandes corporações como Google, Microsoft, Yahoo! e algumas outras, além daquelas que permitem o acesso a toda essa informação - operadoras de telefonia e empresas de tv a cabo.

A situação, sem dúvida nenhuma, é melhor do que há 100 anos, em que a única maneira de um cidadão comum gerar riqueza para si era trocar sua força de trabalho por remuneração mensal. Hoje podemos escrever nossas memórias e criar empresas digitais que podem atingit o estrelato frente à essa massa de cidadãos e, mesmo não detendo os meios para circular essa informação, podemos acreditar de que eles continuarão aí por um bom tempo.

Em matéria lida recentemente, um repórter citava a concentração cada vez maior de usuários em uma quantidade cada vez menor de sites - conceito que nega o comentado "Cauda Longa" (de Chris Andersen). Isso não seria de espantar se reléssemos Das Kapital e o adaptássemos para uma era digital - a tendência à formação de monopólio no sistema capitalista -, porém, nega a tendência democrática da Internet.

Escolher entre a posição Marxista e a posição de Thomas Friedmam, Chris Andersen e Don Tapscott, é apenas uma questão de fé na humanidade. Uma fé de que essa massa de consumidores, quenunca leram Friedma, Andersen ou Tapscott, seguirão seus conselhos de exercer sua liberdade e, de fato, possibilitar aos pequenos que não sejam esmagados pelos maiores. O poder de escolha pela primeira vez está em nossas mãos.

Sejamos livres, conscientes de nossa liberdade.

Interessante sobre Wikinomics: http://www.slideshare.net/lucianomatsuzaki/colaborao-em-massa-wikinomics/

Em tempo: Ler os constantes e colossais movimentos do mercado digital é um bom começo para tomar uma posição quanto às observações feitas acima:

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Palestra sobre SEO, Links Patrocinados e Adsense



Olá, amigos,

Amanhã vou dar uma palestra para a editora Digerati. A palestra estará a venda em revistas por todo o país e alguns outros países de língua portuguesa.

Aguardem! Vou revelar vários segredos do Adsense e como potencializá-lo por meio da otimização de sites e como descobrir as melhores palavras-chave a partir do Adwords.

Quem quiser descobrir as oportunidades que a Internet nos reserva a partir das ferramentas do Google, compre a palestra e tenho certeza de que não se arrependerá.

Abraços